terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Homeopatia



De três em três gotinhas, sem ter pressa...
Mas quero tomar logo o frasco inteiro,
Esperando que a reação adversa
Seja ficar grudado ao travesseiro.

Se eu pudesse, me renderia fácil
Ao sonho de sonhar eternamente.
Gostaria que um pouco de potássio
Fizesse adormecer a minha mente.

Eu sou assim: não tenho meio termo;
Ou é pesadelo ou conto de fada.
Explodo de alegria, mesmo enfermo,
Ou (no caso) deixo que a dor me invada.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Frustração poética



Todo poeta diz que sua arte
Tem muito poder sobre os que a leem.
Pode mudar o curso de Marte,
Dependendo do intuito que tem.

Já ganhei muitos prêmios com ela,
Mas troféu não é capaz de amar.
Será que é verdade que dela
Mais do que isso posso esperar?

Vá, traga meu amigo de volta!
Faça feliz este que inda a escreve...
Mas não pode, né, poesia porca!
Fora do papel, nada me serve.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Soneto de Amigo



Chegou louro e tão cheio de verdade,
Quis compartilhar o amor fraternal.
Colocou-me a máscara da amizade,
Fez-me pular meu próprio carnaval.

Por quatro anos, me senti especial,
Dando e recebendo fidelidade.
Segredos, desabafos, coisa e tal
Já são a purpurina da saudade.

Não sei o que aconteceu com o amor,
Pois, num chute, golpe de taekwondo,
Partiu a máscara em mil pedacinhos.

Eu, dono de um sorriso, doce encanto,
Já me resumo em lágrimas e pranto,
Sem sua lantejoula do carinho.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Romance em Cordelaranja

Menção Honrosa no 8º Prêmio Barueri de Literatura


Começo em “era uma vez”
Essa história de Qiü Jia,
Descendente de chinês
Que morava na Bahia
E que, em toda sexta-feira,
Vende laranjas na feira
Para ajudar a família.

Com seu típico bigode
E sua pele amarelada,
Jamais amarrava o bode;
Tinha a risada estampada.
Vinte e dois anos de vida
E a simpatia contida,
Atraía a mulherada.

Na barraquinha da frente,
Moça de nome Apuana
(De indígena, descendente,
Mas soteropolitana)
Vendia abóboras boas
Que agradavam as pessoas
Pelo seu sabor bacana.

Toda sexta, tinha gana,
Portanto, ele anunciava:
— Seleta, lima, baiana...
(Da baiana, ele gostava)
— Tudo, tudo baratinho
E com sabor bem docinho
Para donzela ou escrava!

Também nesta mesma feira,
Ela, logo na subida,
Vendia de tais maneiras:
Assada, frita ou cozida.
Tinha abobrinha e moranga
Praquele que não se zanga
Porque saboreia a vida.

Esta jovem e este moço
São casal por natureza.
Ela, oferecendo o almoço;
Ele, dando a sobremesa.
Abóboras e laranjas:
Felicidade se esbanja!
Até que houve uma peleja.

O chinês quis divulgar
Uma receita mineira:
— No forno, vamos assar
Pato com laranja-pera!
Nisso, a abóbora perdeu,
Pois ao povo apeteceu
Essa mistura maneira.

Possessíssima de raiva,
Pele-vermelha estressou.
Ousada que nem saraiva,
Uma delícia inventou:
— Provem do doce de abóbora,
Pois garanto que não sobra
De gostoso que ficou.

Os fregueses não sabiam
De quem ou o que comprar
Se abóbora consumiam
Ou laranja, no jantar.
Deu-se, assim, a grande briga
Entre o amigo e sua amiga
Que passaram a se odiar.

Qiü Jia teve a batuta
Oferta comercial
Para ir vender suas frutas
Lá do lado oriental.
Tomou logo a decisão:
Embarcou num avião
De voo internacional.

Salvo a cesta de legumes,
Apuana está sozinha.
“Sem a faca de dois gumes,
Não se corta uma abobrinha.”
Dessa forma, a freguesia,
Sem ter opção, preferia
Comprar quilos de farinha.

E os negócios iam mal
Com as laranjas na China.
Não gostavam, nem com sal,
Mandaram pra Cochinchina.
Preso no Inferno de Dante,
Pensou: “Neste mesmo instante,
Volto pra minha menina!”

Acredite: houve até canja
Para o encontro entre esses dois.
Romance cor-de-laranja,
Protagonizaram, pois,
A indiazinha e o chinês.
No lugar de “era uma vez”,
É melhor: “uma vez foi”.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

poesia da fome



poesia dá fome
e o poeta come

é antropófago
come vírgulas
e vesículas

aumenta sua palavra
alimenta-se desta lavra

concomitantemente
o poeta sente
o buraco do estômago
o vazio do âmago
o sentimento flâmeo

faminta-se do amor
o cruel, o concreto, o real
já que só vivencia
seu eterno voo de condor
o benévolo, o abstrato, o ideal

poesia dá fome
e o poeta come versos
se não sustenta por inteiro
sostenersi per mezzo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Em busca do futuro perdido



Corro só, socorro!
Só corro porque preciso atravessar o horizonte.

Olho adiante, mas não o encontro.
Na linha do horizonte,
meu futuro se perdeu.

Acelero os passos para localizá-lo,
pois sem ele não há sentido.
Norte e sul se omitem do presente.

Quanto mais me adentro no horizonte,
mais tenho a sensação de perto e longe
como uma coisa única.

Uma aproximação longínqua.
Um afastamento próximo.

Olho adiante, de repente não os encontro.
Nem mesmo o próprio horizonte.
Percebo o futuro que virou passado.

Vírgula transformada em reticências.
Fator transformado em produto.

O presente se esgotou.
Sinto tanto, tonto me sinto
na montanha do nada.

Nadei com pressa na correnteza.
Corri sozinho e agora
caminho no morro.

Morro no caminho.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Bugiganga odorosa



Ontem comprei um frasco de perfume
De flor de lótus, líquido azulado,
Mas cheguei em casa e deixei de lado.
Peguei o gato e um prato de legumes.

Dei-lhe uma cenoura que ele cuspiu
(Não tem genes de coelho, o gato).
Deu um pulo assustado com o fato
E até atingiu o frasco que caiu.

Então resolvi ler a embalagem:
“Poção Mágica”... Puxa, que viagem!
E fiz até um charminho: — Hocus Pocus!

Borrifei e tudo desapareceu:
Meu gato, o prato, meu amor, meu eu.
Ficou apenas o aroma de lótus.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

urso panda


1º Lugar no Concurso de Poesia de Ponta Grossa – 2011


menina beija menina
o estereótipo
se pulveriza na nitroglicerina

dantes
preto e branco
não dividiam mesmo patamar
urso pardo e urso polar

agora
preto no branco
tocam a mesma banda
urso panda

Nas minúcias, devia-se manter a gramática.
/alicençapoéticasemostra---liberástica

aperto de mão
virou
high five

sexo que era amor
virou
test-drive

som
virou
pauta sem clave

mundo virou

virou
virou
virou

e estreou novo hino
— protótipo —
menino beija menino

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

porta-sentimentos


Selecionado no Concurso Letras aos Corvos – 2011


o sólido
papel higiênico
coletou minhas lágrimas

forma líquida
e oblíqua
escorrida
da abstração
da minha vida

o sólido
papel higiênico
coletou minha coriza

ojeriza

forma pastosa
e viscosa
assoada
duma depressão
enclausurada

(que fique claro: meus sentimentos
são gasosos e somente coletados
em papel higiênico perfumado.)

domingo, 22 de janeiro de 2012

lua de baunilha


Classificada para a Fase Estadual do Mapa Cultural Paulista – 2011/2012


a lua
tem sabor de baunilha
como a melodia
tem sabor de rock’n’roll
e para combinarem na etimologia
bau’n’ilha também se apostrofou

porque a lua
é um baú e uma ilha
ilha de fantasias
baú de inspirações
que em todos os cantos
poetisa aos tantos
e estimula seduções

mas a lua
antes de ser lua
tinha outra etiqueta
e na luna desfeita
carregava o ene
da beleza imperfeita

e a luna
era duna
era runa
era tuna

la luna
era endiabrada
sabor de baunilha estragada
nada terno
que só de olhar pro externo
conforme os conformes
deveria receber o nome
de inferno

sábado, 21 de janeiro de 2012

A Morte do Tsuru



Ásia:
amásia da tecnologia
terra de Motorola
rola terremoto

vibração:
ondas eletromagnéticas
tremem o celular
a terra e o mar
em ondas gigantescas

no caos do causo
inda amo-te a ti
aishiteru
tsuru
que o tsunami
afogou

Gaia:
a gueixa
expandiu sua queixa
por outras praias

Haiti:
desastre
pour le pays
pour les ancêtres

nas frases das orações
uniram o mundo as bênçãos
renascimento e proteção

as margens plácidas
do Rio Ipiranga
ouviram e
se calaram
amém

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Summer in Somewhere


Selecionado para publicação no Jornal de Alumínio Regional – 2010


Um movimento tímido e lilás,
Uma maciez branca e calma...
Flor de maracujá que se soltara,
Pousando sobre mim em doce paz,
Tocando a pele, acariciando a alma.

A indefesa vítima de suplício
Que aconcheguei na palma da mão,
Com a elevação da temperatura, murchara,
Sentia nas pétalas o solstício
— A primavera virara verão.

As camisetas se libertaram dos armários,
Dos corpos de alguns inclusive,
Os dias ficaram longos; a Lua trabalhava menos.
Era (e estava anotado em todos os calendários)
A estação do ano para quem realmente vive,
Mas cujo amor prometido eu nunca tive.

Não sabia o que era uma paixão estival,
Nem a sensação de amar sob o astro-rei,
Até que a estação mudou dentro de mim.
Num inesperado encontro casual,
Descobri o sentido do mamihlapinatapei*.

Amor correspondido na troca de olhares,
Olhares correspondidos na hora do amor.
Envolvi-me num verão eterno.
A cena, então, se repetiu em novos ares:
Flor de maracujá que caiu expressando dor.

Uma flor já sem simpatia,
Seca, sem vida, a desfragmentar.
O equinócio trazia o outono consigo,
Mas o verão por completo não se apagaria;
Ainda seria verão em algum lugar.


*Mamihlapinatapei: em fueguino, dialeto chileno, o olhar de desejo mútuo em que ambas as partes sabem o que querem, mas não dão o primeiro passo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sorvete de Creme


Selecionado no Concurso de Poesias VirArte – 2010


O sol no céu: ser sem sal.
Sorveteria–delírio:
somente admiro (martírio!)
o sabor mais colossal.

Numa intensa ansiedade
imensamente insensata,
deixo de lado a regata;
só a manga oculta a verdade.

Caro sorvete de creme,
amado loiro gelado
por outros já devorado,

não me deve, não me teme,
mas nega a vontade minha
de tirar uma casquinha.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Simpatia do Amor

Selecionado no Concurso de Poesias VirArte – 2010


Apareceu
A Lua cheia.
O negro céu
Ela clareia.
Escrevo seu
Nome na areia.

Coloco dentro
De um coração
— o meu, sedento.
Desejo, então:
“Seus sentimentos
Mel virarão.”

Alakazan!
Disse a pagã
Palavra mágica.
Força fantástica
No ar da manhã.

Mas seu amor
Não adoçou;
Virou vinagre.
E nem milagre
Repara a dor.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Erotismo de Lili Jovino III - Apetite Sexual



Gordinhos não são tão sexy,
mas se têm dinheiro
são tão gostosos.

Vários palmos de altura,
bateu palmas quando me viu
através dos óculos fofos
que trazia na cara fofa.

Dobradinha,
frango assado,
leitoa de Natal.
Ele tinha um apetite alucinante
— para todas as posições.

Prensando-me contra a parede,
tentou fazer um sanduíche.
Ainda consegui lhe oferecer um salgadinho macio
e ele me retribuiu com calda de leite condensado.

Não parou por aí!
Quis chupar um picolé,
com sabor de Lili,
e depois me fez lamber
toda a parte caramelizada da sua maçã do amor.

Após uma noite exaustiva para mim,
prazerosa para ele,
fiquei com a sensação de que algo permanecia introduzido em mim.
Mesmo assim, sorri quando ele foi embora
sem os óculos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Erotismo de Lili Jovino II - Falando Várias Línguas



Atriz
-teza tomava-lhe o coração.

Era protagonista de seu próprio espetáculo,
mas queria mais:
fazer participações especiais.

Veio até mim,
o sorriso de metal,
o aparelho sem banda.
Decerto a dentista percebera
que as bandas ela já tinha,
lhe faltava apenas o ferro.

Procurou a mim
porque estava cansada de atuar em peças normais.
Queria algo bilíngue...
talvez até mesmo trilíngue!

Dois corpos nus,
meu Pão de Açúcar simétrico fazia cócegas no dela
     doce
                       sensação
                                             bicudamente>
                                                 arrepiante.

Uma abaixadinha,
e minha boca experimentou
seu quitute cenográfico.

Ouvi um gritinho,
sabia que seu dedo do pé já estava dormente.
Nessa cena poliglota,
fiz com que as línguas se entendessem.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Erotismo de Lili Jovino I - A Vaca Loira



Soube que me chamaram de vaca,
mas não mujo,
não rumino,
nem tenho chifres.

Sob a luz do poste da esquina,
sou apenas funcionária de RH:
faço tudo
(sem reclamar).

Lembro-me de um patrão
— um em especial —
que não me marcou pelos cabelos à altura do ombro;
ele tinha outra coisa mais comprida que o cabelo.

A braguilha dele, minha janela de drive-thru,
a batatinha já apontando para fora,
sal e ketchup naturais,
e eu prestes a abocanhá-la.

Longe de ser um filho de cabeleireiro
por causa de sua quantia capilar:
o volume de baixo — o mesmo de cima;
o loiro de cima — o mesmo de baixo.

Madrugada chegando,
um leitinho morno antes de dormir.
Ele era a vaca!
Eu... apenas uma funcionária de RH.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Se.gre.do


Selecionado para publicação no Uniso Notícias – 2011


O dicionário traz uma definição:
Aquilo — sigilo — que é confidencial
Que, se descoberto, pode até ser mortal;
O medo do escuro, uma intensa paixão...

Quando bem guardado, resiste a um vendaval!
Consegue-se esconder do pai, da mãe, do irmão,
Do melhor amigo não adianta esconder não
— Isso seria um impulso incondicional?

Às vezes, temos vontade de expô-lo ao mundo,
Revelar o que sentimos de mais profundo,
Mas a razão felizmente nos cala a boca.

Sim, o segredo é a mais louca das coisas loucas.
É sempre num papo ordinariamente vil
Que, quando percebemos... Opa, escapuliu!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Henrique Pietro e a Cartola Vermelha


Premiado como Melhor Texto Infantojuvenil no 6º Desafio dos Escritores – 2010


Esta é a vida de um menino
Que marcou o mundo inteiro.
Morou sempre em Ouro Fino
(Tinha sotaque mineiro).
Trabalhava como mágico
Em um lugar tão fantástico:
Era o Circo Brasileiro.

As mais diversas plateias
Os seus truques fascinavam:
Transformava em geleia
Quaisquer frutas que lhe davam.
Suas finas sobrancelhas
E uma cartola vermelha
Eram o que lhe marcavam.

Quando completou 10 anos,
Ganhou festinha simplória.
A coruja de um cigano
Deu-lhe a carta, muita glória.
Agora, meu Deus do céu,
Uso a arte do cordel
Para contar esta história.

Nem de Vênus nem de Marte,
Mas de muito mais distante:
Remetida por Hogwarts.
Que carta mais triunfante!
Dizia: “Deixe a cartola,
Venha morar nesta escola,
Venha, de agora em diante.”

Com olhos arregalados
E muita palpitação,
Não sabia se, coitado,
Devia aceitar ou não.
Perguntou aos seus amigos
E ouviu um provérbio antigo:
“Obedeça ao coração!”

Tão boa oportunidade
Não podia desprezar
E mesmo com pouca idade
Resolveu se aventurar.
Fez as malas num segundo,
Pôs a cartola no fundo
Para ninguém suspeitar.

Passou por um largo rio
No caminho à estação,
Pegou um sapo que viu
(Animal de estimação).
Colocou sobre seu ombro,
“Seu nome será Escombro”,
Disse com animação.

Ficou tão alucinado
Pensando em alguns encantos.
Notou estar atrasado,
Começou a correr tanto
— E até perdeu seu sapo —
Até a 9 ¾,
A plataforma do canto.

À terra de J. K. Rowling
Henrique Pietro foi
(Boliche se chama bowling
E dizem ox para o boi)
Logo avistou um castelo
E em um mineirês tão belo
Disse: “Mui contento toi!”

Chegando, lhe colocaram
Um chapéu bem carrancudo.
Os olhares lhe voltaram,
Todo mundo ficou mudo.
Momento de decisão:
Chapéu dá a opinião
E atento, ele ouve tudo:

“Grifinória ou Sonserina,
Lufa-Lufa ou Corvinal
Que casa mais lhe combina?
Qual lhe fará menos mal?”
O chapéu pensou bastante.
“Pra Aluminum neste instante,
Essa é a casa ideal!”

Aluminum era uma
Casa para se assustar
Porque pessoa nenhuma
Que havia ido pra lá
Um dia voltou com vida.
Mesmo assim, foi à subida,
Destino ao terceiro andar.

O lugar era macabro
Sem muita ventilação.
Há tanto tempo fechado,
Não tinha iluminação.
No banheiro dos meninos,
Em período vespertino,
Fez xixi na escuridão.

Antes de sair, no entanto,
Precisou lavar as mãos
Foi até a pia do canto
Mas não tinha água, não.
Bem acima da privada,
Uma válvula fechada
Apontava a solução.

Subiu, pois, naquele vaso
Para girar o registro.
Tudo, então, por acaso,
Começou a ficar misto.
As paredes e o chão
Trocaram de posição
“Preciso pôr um fim nisto!”

Correu à sua maleta,
Mas o zíper emperrou.
Fez força e fez careta
Até que ele se soltou.
Pegou a cartola mágica
E numa ilusão fantástica
Tudo ao lugar voltou.

Um rapazola com muques
Vendo a cartola, dizia:
“Aqui é proibido truques;
Só pode feitiçaria!”
De um lado, a nova escola
E de outro, a velha cartola.
O que é que ele escolheria?

E no circo, uma surpresa
Pro leão, pro domador:
Em pé, ao lado da mesa,
O garoto exclamou:
“Hogwarts até me aconselha,
Mas a cartola vermelha
É meu verdadeiro amor.”