sábado, 11 de maio de 2013

encapetado



pega o demônio pelo rabo
e sacode
dá-lhe um chute, pisa-lhe a cara, aperta-lhe o pescoço
arranca-lhe os chifres e depois sorri
senta e o convida para um chá

conversa com ele em voz alta
em língua de capeta
infernarium fogarentus
espera que ele revele
os teus segredos
entre as mordidas duma bolacha maria

recebe na cara o vômito da verdade de ti
descobre que não passas de um pelo púbere
que tua vida não será intacta para sempre
e deixa que a frustração escorra-te na alma
como o esperma escorre nos dedos de um adolescente

pega o demônio pelo rabo
e sacode
arranha-lhe o rosto, quebra-lhe as pernas, cospe-lhe no olho
espreme-lhe os testículos e enfia-lhe três dedos no cu
depois espera que ele sorria e te convide para um chá

Um comentário:

  1. Teus versos por traz desse manto de puerilidade escondem imagens poéticas tão fortes, combinações tão maduras e, penso eu, minuciosamente requintadas... Gosto bastante disso.

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