segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma gatinha


Estava sentado à espera do chamado da professora, para que entrasse à aula. Não havia prestado atenção se havia algo ou alguém debaixo do assento.

Assim como todas as segundas-feiras, no início da noite, por volta das sete horas, havia ido ao cursinho de inglês, a fim de aprimorar minha sabedoria e expandir meus conhecimentos sobre o idioma.

A escola de línguas era pequena: uma sala principal, com cadeiras confortáveis e alguns jogos sobre a mesinha central; um cômodo com poucos computadores conectados à internet, para uso dos alunos; um banheiro comum; um corredor comum; quatro salas de aula comuns.

Cheguei um pouco antes da hora. Faltava, ainda, cinco minutos para meu horário. Aguardando, sentei-me em uma das cadeiras e abri meu livro de inglês para fazer uma revisão da matéria. Fui interrompido no meio dos estudos.

Em meados de meus quinze anos, não havia namorado, nem sequer saído, com uma garota. Mas não foi nisso que pensei naquele momento, nem ao menos tive tempo para pensar. Uma sensação estranha começou a surgir no meio de minhas pernas. Não sabia ao certo o que era aquilo, mas parecia que havia alguém tentando passar por entre elas. E realmente havia.

Com seus olhos azuis e jeitinho amável, ela se espremia para sair debaixo daquela cadeira. Levei um tremendo susto. Como ia imaginar que ela estivesse ali? Não tive tempo de perguntar o que fazia. Seu andar encantador, até o final do corredor, me deixou sem fala. Batendo à porta da última sala, foi recebida com um “Hello! How are you?” pelo outro professor. Depois, fui descobrir que seu nome era Mila.

Minha turma também era pequena, além de mim havia mais três alunos. Assim que a professora chamou, fomos entrando. Fui o último. Pensei que seria... Uma nova aluna apareceu, pouco antes de a porta ser fechada. Mila faria aula conosco. Num charme sem igual, sentou-se ao meu lado.

Não foram recusadas apresentações. Todos tinham que conhecer a nova estudante. Mas não foi ela que disse seu nome, e sim a teacher. Talvez não pudesse falar, afinal, estava aflita... nem tanto! Passou a aula toda com gracejos para mim. Era praticamente impossível não perceber. Havia sido amor à primeira vista.

No final da aula, ela saiu um pouco antes de mim. Não sabia se me despedia dela ou não. Com seu jeito saltitante, desceu os degraus que levavam até a rua. Não podia deixar aquela oportunidade passar em branco, precisava falar com ela. Pensei em arriscar um beijinho, mas me contentei em passar a mão vagarosamente pelo seu pequeno rosto. Arisca, fez cara de quem gostou, mas, num único salto, foi embora.

Um comentário:

  1. Como sempre, ótimo conto. Só modificaria o título. Ele desvenda o resultado. A gatinha só deveria aparecer no final.
    Mera opinião de leitora, claro.
    Parabéns de qualquer forma.
    Além de gostar de ler, também gosto de gatos. Agora mesmo, enquanto leio sua crônica, tem uma deitada nas minhas pernas.
    Um abraço.

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