sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Henrique Pietro e a Cartola Vermelha


Premiado como Melhor Texto Infantojuvenil no 6º Desafio dos Escritores – 2010


Esta é a vida de um menino
Que marcou o mundo inteiro.
Morou sempre em Ouro Fino
(Tinha sotaque mineiro).
Trabalhava como mágico
Em um lugar tão fantástico:
Era o Circo Brasileiro.

As mais diversas plateias
Os seus truques fascinavam:
Transformava em geleia
Quaisquer frutas que lhe davam.
Suas finas sobrancelhas
E uma cartola vermelha
Eram o que lhe marcavam.

Quando completou 10 anos,
Ganhou festinha simplória.
A coruja de um cigano
Deu-lhe a carta, muita glória.
Agora, meu Deus do céu,
Uso a arte do cordel
Para contar esta história.

Nem de Vênus nem de Marte,
Mas de muito mais distante:
Remetida por Hogwarts.
Que carta mais triunfante!
Dizia: “Deixe a cartola,
Venha morar nesta escola,
Venha, de agora em diante.”

Com olhos arregalados
E muita palpitação,
Não sabia se, coitado,
Devia aceitar ou não.
Perguntou aos seus amigos
E ouviu um provérbio antigo:
“Obedeça ao coração!”

Tão boa oportunidade
Não podia desprezar
E mesmo com pouca idade
Resolveu se aventurar.
Fez as malas num segundo,
Pôs a cartola no fundo
Para ninguém suspeitar.

Passou por um largo rio
No caminho à estação,
Pegou um sapo que viu
(Animal de estimação).
Colocou sobre seu ombro,
“Seu nome será Escombro”,
Disse com animação.

Ficou tão alucinado
Pensando em alguns encantos.
Notou estar atrasado,
Começou a correr tanto
— E até perdeu seu sapo —
Até a 9 ¾,
A plataforma do canto.

À terra de J. K. Rowling
Henrique Pietro foi
(Boliche se chama bowling
E dizem ox para o boi)
Logo avistou um castelo
E em um mineirês tão belo
Disse: “Mui contento toi!”

Chegando, lhe colocaram
Um chapéu bem carrancudo.
Os olhares lhe voltaram,
Todo mundo ficou mudo.
Momento de decisão:
Chapéu dá a opinião
E atento, ele ouve tudo:

“Grifinória ou Sonserina,
Lufa-Lufa ou Corvinal
Que casa mais lhe combina?
Qual lhe fará menos mal?”
O chapéu pensou bastante.
“Pra Aluminum neste instante,
Essa é a casa ideal!”

Aluminum era uma
Casa para se assustar
Porque pessoa nenhuma
Que havia ido pra lá
Um dia voltou com vida.
Mesmo assim, foi à subida,
Destino ao terceiro andar.

O lugar era macabro
Sem muita ventilação.
Há tanto tempo fechado,
Não tinha iluminação.
No banheiro dos meninos,
Em período vespertino,
Fez xixi na escuridão.

Antes de sair, no entanto,
Precisou lavar as mãos
Foi até a pia do canto
Mas não tinha água, não.
Bem acima da privada,
Uma válvula fechada
Apontava a solução.

Subiu, pois, naquele vaso
Para girar o registro.
Tudo, então, por acaso,
Começou a ficar misto.
As paredes e o chão
Trocaram de posição
“Preciso pôr um fim nisto!”

Correu à sua maleta,
Mas o zíper emperrou.
Fez força e fez careta
Até que ele se soltou.
Pegou a cartola mágica
E numa ilusão fantástica
Tudo ao lugar voltou.

Um rapazola com muques
Vendo a cartola, dizia:
“Aqui é proibido truques;
Só pode feitiçaria!”
De um lado, a nova escola
E de outro, a velha cartola.
O que é que ele escolheria?

E no circo, uma surpresa
Pro leão, pro domador:
Em pé, ao lado da mesa,
O garoto exclamou:
“Hogwarts até me aconselha,
Mas a cartola vermelha
É meu verdadeiro amor.”

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