segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Minha cidade, pequena cidade

Classificado no 6º Cancioneiro Poético do Instituto Piaget (Portugal) – 2010


Minha cidade, pequena cidade,
Interiorana, mas mui brasileira.
Com tantas pessoas de qualidade
Sem incentivo, mesmo que se queira.
Independente de sexo ou idade,
Se trabalha numa empresa ou na feira,
Cada uma tem o seu talento.

Meu venerado bairro, pobre bairro.
Digo pobre, de maneira literal:
Não há um morador com carro
E quem dera ter a casa com quintal.
A pobreza chega até a ser um sarro
Quando não dá nem para comprar o sal
E passamos fome por um momento.

Minha amada rua, estreita travessa,
Nem mesmo uma saída a coitada tem.
Asfaltada, mas com buraco à beça,
O poste de luz é nosso único bem.
Às seis, voltamos para casa depressa
Pra ouvir, na capela, o padre dizer amém
E pedir a Deus a tal felicidade.

Mas num dia, num belo e breve dia,
Ao fim chegará todo o corre-corre.
Pois, assim como diz a minha tia,
A esperança é a última que morre.
Um lindo anjo trará muita harmonia
E tudo isso deixará de ser um porre.
Minha cidade, pequena cidade.

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